quinta-feira, 22 de março de 2012

A porta estreita




Queridos, esse texto da Bíblia é um dos que mais mexe comigo. No mesmo instante que me dá um receio, agradeço a esse evangelista Lucas relatar o que Cristo disse. Temos a oportunidade de ter nesse livro instruções de como buscar e conseguir o verdadeiro caminho de Deus. Temos um tesouro, temos a "receita" para obter o paraíso. E muitas vezes desprezamos. O que mais entristece é ver pessoas perdendo seu tempo com coisas inúteis nesse mundo, esse mundão que não vai nos levar a nada. Pessoas desinteressadas a conhecer a verdade e que no final vão se arrepender por resto da vida de não ter dado a devida atenção a esse precioso livro, que é a Bíblia, que nos foi deixado para nos conduzir, ter a chance de viver eternamente com o nosso Senhor. Cristo é tão maravilhoso que deixou para nós a sua verdade transcrita. 

Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando  na sua viagem para Jerusalém. Alguém perguntou:
- Senhor, são poucos os que vão ser salvos?
Jesus respondeu:
- Façam tudo para entrar pela porta estreita. Pois eu afirmo a vocês que muitos vão querer entrar, mas não poderão.O dono da casa vai se levantar e fechar a porta. Então vocês ficarão do lado de fora, batendo na porta e dizendo: "Senhor, nos deixe entrar!" E ele responderá: "Não sei de onde são vocês." Aí vocês dirão: "Nós comemos e bebemos com o senhor. O senhor ensinou na nossa cidade". Mas ele responderá: "Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal". Quando vocês virem Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus e vocês estiverem do lado de fora, então haverá choro e ranger de dentes de desespero. Muitos virão do Leste e do Oeste, do Norte e do Sul e vão sentar-se à mesa no Reino de Deus. E os que agora são os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos.
(Lc 13, 22-30)

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Refletindo o Evangelho de Lucas temos, sem dúvida, a oportunidade de crescer fortalecendo as nossas decisões, como também, a virtude da vigilância. Em Lucas 13, 22- 30, nós encontramos alguém que faz uma pergunta a Jesus: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” Diante da pergunta, Cristo a responde com uma forte afirmação no versículo seguinte: "Fazei todo o esforço possível para entrar pela porta estreita. Por que eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão".
A exigência do Evangelho deve, portanto, nos questionar se a vida que levamos, verdadeiramente, nos forma e prepara, para as diversas "portas estreitas da vida", inclusive, para a porta estreita, por excelência, que é o julgamento final. É muito significativo e profundo o fato de Jesus afirmar que muitos tentarão e não conseguirão entrar.

O que isso pode significar para nós? Será que esses levavam uma vida de completa ilusão acerca do seu preparo? Ou seja, viviam uma ilusão de seguimento de Jesus, de estar preparados, contudo, sem as condições necessárias para responder a exigência da porta estreita. Estar com Nosso Senhor Jesus Cristo, mas não ser inteiramente d'Ele constitui a ilusão que mais frustra o homem.

A porta estreita nos revela o quão importante é ter uma vida de intimidade com Cristo, que compromete o ser, ou seja, a vida na sua totalidade. Em I João 2, 4, colhemos o critério que nos prova: “Aquele que diz: 'Eu conheço', mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele”. Tal dimensão nos encaminha para um exame de consciência intenso, por meio do qual percebemos que – sem a prática dos ensinamentos de Jesus – no concreto da vida, nosso preparo revela-se ilusório e fantasioso. Se a consciência, o conhecimento e a fé não se revelam capazes de governar a vida, a existência torna-se mentira e falsa.

E, de fato, tudo aquilo que não é cosntruído na verdade sempre irá cair por terra um dia, o tempo é o seu maior adversário, pois, este [tempo] sempre vence aquilo que não possui raiz profunda.

Agora, quem pode nos preparar para a exigência da porta estreita? Constatamos que somente Alguém pode nos formar para tal realidade: Deus, que nos criou! Por esse motivo a Carta aos Hebreus afirma que não podemos desprezar a educação do Senhor, que nos repreende e corrige em vista da salvação. Contudo, sem o "fazei todo o esforço possível", acaba-se por não viver o comprometimento e o dinamismo do ser melhor, da mudança, que nos faz vir para fora, inserindo-nos nessa realidade de purificação e preparação.

Nesse Evangelho Jesus coloca ainda um outro questionamento no versículo 25a e 26: “Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: 'Senhor, abre-nos a porta!'. Ele responderá: 'Não sei de onde sois'".

É, sem dúvida, muito triste seguir um caminho e ver as esperanças frustradas, mas isso é justamente o resultado de uma vida feita de "meias medidas", de "jeitinhos" aqui e lá, enfim, de meras aparências. Precisamos ser responsáveis, reconhecendo que Deus nos conhece inteiramente e que o improviso e a imprudência não são salvíficos. Portanto, não nos enganemos, sigamos um caminho permitindo que o "Dono da Porta" nos ajuste na medida da "porta estreita", pois, a medida correta está em Deus, não em nós mesmos.

Mas, infelizmente, vivemos em um mundo onde a busca de muitos é pela "porta larga", ou seja, pelo mais fácil e rápido. Que tipo de pessoas podem surgir de uma formação que busca a facilidade e a falsa proteção? Pessoas desanimadas e excessivamente sensíveis, que tendem à perda de sentido da vida, pelo simples fato de não conseguirem enfrentar as exigências naturais da vida e da fé. Por isso, decida-se por um caminhar no qual a referência seja a Palavra de Deus, que além de nos revela Jesus, também nos desvela a verdade de nós mesmos.

O que precisamos fazer e deixar Deus fazer em nós? Que Deus o abençoe, o prepare e o ajuste na medida da "porta estreita"; o tempo da graça, o Kairós de Deus para ser estreitado é hoje!


Pe Eliano Luiz Gonçalves, sjs


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