Oi... Faz tempo que não escrevo no meu querido blog. Estou de volta, galera! Estou lendo um livro chamado: " Uma Breve História do Cristianismo" (Geoffrey Blainey). Um livro como diz o título breve, uma leitura agradável e simples. Recomendo para quem ainda não leu. Estou na metade do livro e durante a leitura me deparei rapidamente com a história de Perpétua e Felicidade. Confesso que não conhecia a história totalmente delas e resolvi buscá-la. Durante as minhas buscas, me emocionei com a fidelidade dessas mulheres a Cristo. A história é arrepiante, trágica e traz uma reflexão de como anda a nossa fé nos dias de hoje!!
O Martírio de Santas Perpétua e Felicidade
No ano de 202, o imperador Severo mandou que aqueles que
seguissem sendo cristãos e não quisessem adorar aos deuses romanos deveriam
morrer. Perpétua estava celebrando uma reunião religiosa em sua casa quando
chegou a polícia do imperador e a levou presa, junto com sua escrava
Felicidade, e os escravos Revocato, Saturnino e Segundo.
Diz Perpétua em seu diário: "Nos colocaram no cárcere e
fiquei consternada porque nunca havia estado em local tão escuro. O calor era
insuportável e havia muitas pessoas em um subterrâneo muito estreito. Parecia
que morreria de calor e asfixia, mas sofria muito mais por não poder estar
junto de meu filho, que tinha tão poucos meses e muito necessitava de mim. O
que mais pedia a Deus era que nos desse grande virtude para sermos capazes de
sofrer e lutar por nossa santa religião".
No dia seguinte chegaram alguns diáconos católicos e deram
dinheiro aos carcereiros para que passassem os presos a outra cela, menos
sufocante e escura. Foram levados a um local onde entrava um raio de sol e não
ficaram tão incômodos. Também permitiram que levassem o filho de Perpétua, que
estava se deixando morrer. Ela disse em seu diário: "Desde que tive meu
filho em minhas mãos, aquele cárcere me pareceu um palácio e sentia-me plena de
alegria. E a criança também retomou a alegria e vigor". As tias e a avó
encarregaram-se depois da criança e sua educação.
O chefe do governo de Cártago chamou a juízo Perpétua e seus
servidores. Na noite anterior Perpétua teve uma visão na qual lhe foi dito que
teriam que subir uma escada cheia de sofrimentos, mas que ao final de tão
dolorosa subida, o Paraíso Eterno as esperava. Ela narrou a seus companheiros a
visão e todos se entusiasmaram e se propuseram permanecer fiéis à Igreja até o
fim.
Primeiro foram chamados os escravos e o diácono. Todos
proclamaram ante as autoridades que eram cristãos e preferiam morrer antes que
adorar a falsos deuses.
Logo chamaram a Perpétua. O juiz lhe pedia que deixasse a
religião de Cristo e passasse a religião pagã, que assim salvaria sua vida. E
lhe recordava que era mulher muito jovem e de família rica. Porém Perpétua
proclamou que estava decidida a ser fiel a Jesus Cristo até a morte. Neste
momento, trouxeram seu pai, o único na família que não era cristão, e ajoelhado
ele e suplicou que não persistisse em chamar-se cristã, que aceitasse a
religião do imperador, que o fizesse por amor a seu pai e seu filhinho. Ela se
comoveu imensamente, mas terminou dizendo-lhe: "Pai, como se chamada este
objeto a sua frente?". "Uma bandeja, minha filha.", respondeu
ele. "Pois bem, a esta bandeja há de chamar-se bandeja, porque é uma
bandeja. E sou cristã, não posso me chamar pagã, porque sou cristã e quero
sê-lo para sempre." E acrescentou em seu diário: "Meu pai era o único
na família que não se alegrava, porque nós seríamos mártires em Cristo".
O juiz decretou que os três homens deveriam ser levados ao
circo e ali, em frente à multidão, seriam destroçados por feras no dia da festa
do imperador; e que as mulheres seriam amarradas frente a uma vaca furiosa.
Porém, havia um inconveniente: Felicidade estava grávida e a lei proibia matar
a quem estava por dar à luz. E ela desejava ser martirizada por amor a Cristo.
Então os cristãos oraram com fé e Felicidade deu a luz a uma linda menina, que
foi confiada as mulheres cristãs, e assim Felicidade pode ser martirizada. Um
carcereiro fazia pouco caso dela, dizendo-lhe: "Agora te queixas das dores
do parto, como farás frente às dores do martírio? " Ele lhe respondeu:
"Agora sou fraca porque sofro por minha natureza. Porém, quando chegar o
martírio, me acompanhará a graça de Deus, que me encherá de fortaleza.".
Aos condenados à morte permitia-se fazer uma ceia de
despedida. Perpétua e seus companheiros organizaram uma ceia eucarístia. Dois
santos diáconos lhes levaram a comunhão, e depois de orar e animar-se uns aos
outros, abraçaram-se e despediram com o ósculo da paz. Todos estavam animados,
alegremente bem dispostos a entregarem a vida por proclamar a fé em Jesus
Cristo.
Antes de levarem-nos ao circo, os soldados queriam que os
homens vestissem como sacerdotes dos falsos deuses e as mulheres como
sacerdotisas pagãs. Porém Perpétua se opôs e ninguém conseguiu lhes vestir
aquelas roupas.
Os escravos foram jogados às feras, que os destroçaram e
eles derramaram assim valentemente seu sangue por nossa religião.
O Diácono Sáturo conseguiu converter um dos carcereiros,
chamado Pudente, ao Cristianismo. Disse-lhe: "Para que vejas que Cristo é
Deus, te anuncio que colocaram frente a um urso feroz, mas esta fera não me
fará nenhum mal." E assim aconteceu: lhe amarraram e colocaram em frente à
jaula de um urso muito agressivo. O animal feroz não lhe fez nenhum mal, e
ainda deu uma tremenda dentada no seu tratador, que o atiçava contra o santo
diácono. Então soltaram a um leopardo, que com uma dentada destroçou Sáturo.
Quando o diácono estava moribundo, molhou com seu sangue um anel, colocou-o no
dedo de Pudente, que então aceitou definitivamente converter-se ao
Cristianismo.
A Perpétua e Felicidade amarram com arame, colocaram-nas no
centro e soltaram uma vaca bravíssima, que as atacou sem misericórdia. Perpétua
unicamente se preocupava em ir-se cobrindo, com os restos de tecido que
sobravam, para que não desse espetáculo por estar desnuda. Ajeitava os cabelos,
para que não parecesse uma pagã chorona. O povo emocionado, ao ver a valentia
das jovens mães, pediu que as retirassem pela porta onde saiam os gladiadores
vitoriosos. Perpétua, então saiu de seu êxtase, e perguntou onde estava a tal
vaca que lhes atacaria.
Esta história comovente certamente nos lembra a passagem
bíblica que diz: “Eles, pois, venceram [Satanás] por causa do sangue do
Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da
morte, não amaram a própria vida” (Ap 12.11). Segundo Tertuliano, o sangue dos
mártires é a semente da igreja. Com efeito, o sangue de Perpétua, Felicidade e
de seus irmãos em Cristo foi a semente da igreja no Norte da África. Sua morte
deveria ser um presente do imperador Severo para seu filho César Geta. Mas foi
muito mais um presente para a igreja.
Os poucos cristãos que vivem naquela região felizmente não
estão mais sob o jugo opressor romano. Mas precisam da mesma ousadia e fé para
“enxergar além do véu” e enfrentar os obstáculos de oposição e perseguição a
que ainda estão sujeitos hoje.
Lugar de Martírio de Perpétua e Felicidade- Tunísia
Fonte: "http://tesourosdaigrejacatolica.blogspot.com.br/2011/03/o-martirio-de-santas-perpetua-e.html"