O homem
naturalmente busca a Deus, a sede de infinito, desejo de resposta para as
inquietações mais profundas, a procura pela felicidade, que o homem traz em si,
são sinais de que até de modo inconsciente o homem procura a Deus.
O mesmo Catecismo
da Igreja em belas palavras fala desta busca incessante de Deus por parte do
ser humano: “O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que
o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si,
e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não
cessa de procurar” e também: “Deus criou tudo para o homem,
mas o homem foi criado, para servir e amar a Deus e oferecer-lhe toda a
criação” Catecismo da Igreja Católica, 27 e 358.
O grande Santo
Agostinho (+430) já escrevera: “Todavia, o homem, partícula de tua
criação, deseja louvar-te. Tu mesmo que incitas ao deleite no teu louvor,
porque nos fizeste para ti, e nosso coração está inquieto enquanto repousar em
Ti” Confissões 1,1.
Antes de Deus
revelar-se de modo sobrenatural, Deus revelou sua existência seja no coração
humano que o procura, seja na Criação que nossos olhos contemplam. Para acolher
esta revelação natural de Deus foi dado por Deus ao homem, a luz da razão. A
Luz da razão foi dada a todos os homens, pois estes são seres racionais. Pela
grandeza da inteligência humana é possível chegar a Deus. Isto já diziam os
antigos filósofos: Platão e Aristóteles já o demonstraram, estes filósofos
chegaram à idéia de nosso Deus único, que Aristóteles chamava de motor imóvel.
Que é possível chegar a Deus só pela luz da razão,
também o afirma a Sagrada Escritura: “São insensatos por natureza todos os
que desconheceram a Deus, e, através dos bens visíveis, não souberam conhecer
Aquele que é, nem reconhecer o Artista, considerando suas obras. Tomaram o
fogo, ou o vento, ou o ar agitável, ou a esfera estrelada, ou a água impetuosa,
ou os astros dos céus, por deuses, regentes do mundo. Se tomaram essas coisas
por deuses, encantados pela sua beleza, saibam, então, quanto seu Senhor
prevalece sobre elas, porque é o Criador da beleza que fez estas coisas. Se o
que os impressionou é a sua força e o seu poder, que eles compreendam, por meio
delas, que seu Criador é mais forte; pois é a partir da grandeza e da beleza
das criaturas que, por analogia, se conhece o seu Autor” Sb 13, 1-5. E
parte do mesmo pressuposto o Apóstolo São Paulo: “... Porquanto o que se
pode conhecer de Deus, os homens vêem em si mesmos, pois Deus lho revelou com
evidência. Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o Seu
sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência por Suas obras,
de modo que não podem escusar-se” Rm 1, 19-20.
Santo Agostinho
É importante sempre recordar que pela luz natural
da razão chega-se a Deus, para que todos nós possamos saber que a finalidade
mais sublime da inteligência é chegar a Deus. Podemos pensar e inventar tantas
coisas a partir da capacidade de nossa mente. Contudo, esta capacidade mental
só terá cumprido a sua missão, quando se empenha em chegar a Deus.
O que se pode descobrir de Deus pela luz da razão:
que Deus existe e que Ele é único, onipotente, eterno, onisciente, perfeito,
criador. O Concílio Vaticano I fala desta capacidade da razão em direção ao
conhecimento de Deus: “a mesma Santa Igreja crê e ensina que Deus,
princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz
natural da razão humana por meio das coisas criadas; pois as perfeições
invisíveis tornam-se visíveis depois da criação do mundo, pelo reconhecimento
que suas obras dão Dele (Rm 1, 20)” Dei Filius, Sessão II, capítulo
I, Denzinger, 1.785.
Não se pode, porém, chegar apenas pela luz da razão
a outras verdades sobre Deus: que Ele é Trindade, que Ele é misericordioso, que
o Filho fez-se homem como nós... Logo, além da luz natural da razão, nós
precisamos ter a luz sobrenatural da fé, até porque a nossa razão tem muitos
limites devido as conseqüências deixadas pelo pecado original. Por isso Deus
concedeu-nos a graça da fé para acolhermos em nossa vida o Seu mistério, a Sua
Revelação Sobrenatural.
Fonte: Padre Cesar Silva Rossi
muto bom este texto! nos ajuda a pensar pelo argumento ontológico de Santo Anselmo!!!
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