segunda-feira, 5 de março de 2012

O homem busca a Deus




O homem naturalmente busca a Deus, a sede de infinito, desejo de resposta para as inquietações mais profundas, a procura pela felicidade, que o homem traz em si, são sinais de que até de modo inconsciente o homem procura a Deus.

O mesmo Catecismo da Igreja em belas palavras fala desta busca incessante de Deus por parte do ser humano: “O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar” e também: “Deus criou tudo para o homem, mas o homem foi criado, para servir e amar a Deus e oferecer-lhe toda a criação” Catecismo da Igreja Católica, 27 e 358.

O grande Santo Agostinho (+430) já escrevera: “Todavia, o homem, partícula de tua criação, deseja louvar-te. Tu mesmo que incitas ao deleite no teu louvor, porque nos fizeste para ti, e nosso coração está inquieto enquanto repousar em Ti” Confissões 1,1.

Antes de Deus revelar-se de modo sobrenatural, Deus revelou sua existência seja no coração humano que o procura, seja na Criação que nossos olhos contemplam. Para acolher esta revelação natural de Deus foi dado por Deus ao homem, a luz da razão. A Luz da razão foi dada a todos os homens, pois estes são seres racionais. Pela grandeza da inteligência humana é possível chegar a Deus. Isto já diziam os antigos filósofos: Platão e Aristóteles já o demonstraram, estes filósofos chegaram à idéia de nosso Deus único, que Aristóteles chamava de motor imóvel.

Que é possível chegar a Deus só pela luz da razão, também o afirma a Sagrada Escritura: “São insensatos por natureza todos os que desconheceram a Deus, e, através dos bens visíveis, não souberam conhecer Aquele que é, nem reconhecer o Artista, considerando suas obras. Tomaram o fogo, ou o vento, ou o ar agitável, ou a esfera estrelada, ou a água impetuosa, ou os astros dos céus, por deuses, regentes do mundo. Se tomaram essas coisas por deuses, encantados pela sua beleza, saibam, então, quanto seu Senhor prevalece sobre elas, porque é o Criador da beleza que fez estas coisas. Se o que os impressionou é a sua força e o seu poder, que eles compreendam, por meio delas, que seu Criador é mais forte; pois é a partir da grandeza e da beleza das criaturas que, por analogia, se conhece o seu Autor” Sb 13, 1-5. E parte do mesmo pressuposto o Apóstolo São Paulo: “... Porquanto o que se pode conhecer de Deus, os homens vêem em si mesmos, pois Deus lho revelou com evidência. Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o Seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência por Suas obras, de modo que não podem escusar-se” Rm 1, 19-20.

Santo Agostinho


É importante sempre recordar que pela luz natural da razão chega-se a Deus, para que todos nós possamos saber que a finalidade mais sublime da inteligência é chegar a Deus. Podemos pensar e inventar tantas coisas a partir da capacidade de nossa mente. Contudo, esta capacidade mental só terá cumprido a sua missão, quando se empenha em chegar a Deus.

O que se pode descobrir de Deus pela luz da razão: que Deus existe e que Ele é único, onipotente, eterno, onisciente, perfeito, criador. O Concílio Vaticano I fala desta capacidade da razão em direção ao conhecimento de Deus: “a mesma Santa Igreja crê e ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razão humana por meio das coisas criadas; pois as perfeições invisíveis tornam-se visíveis depois da criação do mundo, pelo reconhecimento que suas obras dão Dele (Rm 1, 20)” Dei Filius, Sessão II, capítulo I, Denzinger, 1.785.

Não se pode, porém, chegar apenas pela luz da razão a outras verdades sobre Deus: que Ele é Trindade, que Ele é misericordioso, que o Filho fez-se homem como nós... Logo, além da luz natural da razão, nós precisamos ter a luz sobrenatural da fé, até porque a nossa razão tem muitos limites devido as conseqüências deixadas pelo pecado original. Por isso Deus concedeu-nos a graça da fé para acolhermos em nossa vida o Seu mistério, a Sua Revelação Sobrenatural.



Fonte: Padre Cesar Silva Rossi

Um comentário:

  1. muto bom este texto! nos ajuda a pensar pelo argumento ontológico de Santo Anselmo!!!

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