Muitos querem a sua glória, poucos aceitam a sua cruz!!!
A tarde de Sexta-feira Santa apresenta o drama imenso da
morte de Cristo no Calvário. A cruz erguida sobre o mundo segue de pé como
sinal de salvação e de esperança. Com a Paixão de Jesus segundo o Evangelho de
João contemplamos o mistério do Crucificado, com o coração do discípulo Amado,
da Mãe, do soldado que lhe traspassou o lado. São João, teólogo e cronista da paixão nos leva a contemplar
o mistério da cruz de Cristo como uma solene liturgia. Tudo é digno, solene, simbólico em sua narração: cada
palavra, cada gesto. A densidade de seu Evangelho agora se faz mais eloqüente.
E os títulos de Jesus compõem uma formosa Cristologia.
Jesus é Rei. O diz o título da cruz, e o patíbulo é o trono
onde ele reina. É a uma só vez, sacerdote e templo, com a túnica sem costura
com que os soldados tiram a sorte. É novo Adão junto à Mãe, nova Eva, Filho de
Maria e Esposo da Igreja. É o sedento de Deus, o executor do testamento da
Escritura. O Doador do Espírito. É o Cordeiro imaculado e imolado, o que não
lhe romperam os ossos. É o Exaltado na cruz que tudo o atrai a si, quando os
homens voltam a ele o olhar.
A Mãe estava ali, junto à Cruz. Não chegou de repente no
Gólgota, desde que o discípulo amado a recordou em Caná, sem ter seguido passo
a passo, com seu coração de Mãe no caminho de Jesus. E agora está ali como mãe
e discípula que seguiu em tudo a sorte de seu Filho, sinal de contradição como
Ele, totalmente ao seu lado. Mas solene e majestosa como uma Mãe, a mãe de
todos, a nova Eva, a mãe dos filhos dispersos que ela reúne junto à cruz de seu
Filho.
Maternidade do coração, que infla com a espada de dor que a
fecunda. A palavra de seu Filho que prolonga sua maternidade até os
confins infinitos de todos os homens. Mãe dos discípulos, dos irmãos de seu
Filho. A maternidade de Maria tem o mesmo alcance da redenção de Jesus. Maria
contempla e vive o mistério com a majestade de uma Esposa, ainda que com a
imensa dor de uma Mãe. São João a glorifica com a lembrança dessa maternidade.
Último testamento de Jesus. Última dádiva. Segurança de uma presença materna em
nossa vida, na de todos. Porque Maria é fiel à palavra: Eis aí o teu filho.
O soldado que traspassou o lado de Cristo no lado do
coração, não se deu conta que cumpria uma profecia realizava um último,
estupendo gesto litúrgico. Do coração de Cristo brota sangue e água. O sangue
da redenção, a água da salvação. O sangue é sinal daquele maior amor, a vida
entregue por nós, a água é sinal do Espírito, a própria vida de Jesus que
agora, como em uma nova criação derrama sobre nós.
A Celebração
Hoje não se celebra a missa em todo o mundo. O altar é
iluminado sem mantel, sem cruz, sem velas nem adornos. Recordamos a morte de
Jesus. Os ministros se prostram no chão frente ao altar no começo da cerimônia.
São a imagem da humanidade rebaixada e oprimida, e ao mesmo tempo penitente que
implora perdão por seus pecados.
Vão vestidos de vermelho, a cor dos mártires: de Jesus, o
primeiro testemunho do amor do Pai e de todos aqueles que, como ele, deram e
continuam dando sua vida para proclamar a libertação que Deus nos oferece.
Ação litúrgica na Morte do Senhor
1. A ENTRADA
A impressionante celebração litúrgica da Sexta-feira começa
com um rito de entrada diferente de outros dias: os ministros entram em
silêncio, sem canto, vestidos de cor vermelha, a cor do sangue, do martírio, se
prostram no chão, enquanto a comunidade se ajoelha, e depois de um espaço de
silêncio, reza a oração do dia.
2. Celebração da Palavra
Primeira Leitura
Espetacular realismo nesta profecia feita 800 anos antes de
Cristo, chamada por muitos o 5º Evangelho. Que nos introduz a alma sofredora de
Cristo, durante toda sua vida e agora na hora real de sua morte. Disponhamo-nos
a vivê-la com Ele.
Segunda leitura
O Sacerdote é o que une Deus ao homem e os homens a Deus…
Por isso Cristo é o perfeito Sacerdote: Deus e Homem. O Único e Sumo e Eterno
Sacerdote. Do qual o Sacerdócio: o Papa, os Bispos, os sacerdotes e dos
Diáconos unidos a Ele, são ministros, servidores, ajudantes.
Versículo antes o Evangelho
Cristo, por nós, humilhou-se e foi obediente até a morte, e
morte de cruz. Por isso Deus o sobreexaltou grandemente e o agraciou com o Nome
que é acima de todo nome.
Como sempre, a celebração da Palavra, depois da homilia
conclui-se com uma ORAÇÃO UNIVERSAL, que hoje tem mais sentido do que nunca:
precisamente porque contemplamos a Cristo entregue na cruz como Redentor da
humanidade, pedimos a Deus a salvação de todos, crentes e não crentes.
Adoração da Cruz
Depois das palavras passamos a um ato simbólico muito
expressivo e próprio deste dia: a veneração da Santa Cruz é apresentada
solenemente a Cruz à comunidade, cantando três vezes a aclamação:
"Eis o lenho da Cruz, onde esteve pregada a salvação do
mundo. Ó VINDE ADOREMOS", e todos ajoelhados uns instantes de cada vez, e
então vamos, em procissão, venerar a Cruz pessoalmente, com um genuflexão (ou
inclinação profunda) e um beijo (ou tocando-a com a mão e fazendo o sinal da
cruz ); enquanto cantamos os louvores ao Cristo na Cruz :
A comunhão
Desde de 1955, quando Pio XII decidiu, na reforma que fez na
Semana Santa, não somente o sacerdote - como até então - mas também os fiéis
podem comungar com o Corpo de Cristo. Ainda que hoje não haja propriamente
Eucaristia, mas comungando do Pão consagrado na celebração de ontem,
Quinta-feira Santa, expressamos nossa participação na morte salvadora de
Cristo, recebendo seu "Corpo entregue por nós".
Fonte: ACI Digital
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