quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

QUARESMA





" Lembra-te de que és pó e de que ao pó voltarás" 


Os três domingos  consecutivos da  septuagésima, sexagésima e  quinquagésima (70, 60 e 50 dias  antes da Páscoa), tem por fim encaminhar os  fiéis à preparação próxima da festa pascal.

Chama-se  Quaresma os 40 dias de jejum e penitência que precedem à festa da Páscoa.  Essa preparação existe  desde o tempo dos Apóstolos, que limitaram sua duração a 40 dias , em memória do jejum de Jesus Cristo no deserto. Durante esse tempo a  Igreja  veste seus  ministros com paramentos de cor roxa e suprime os cânticos de alegria: O "Glória",  o "Aleluia" e o "Te Deum".

Na  4ª feira depois do domingo da quinquagésima, dia que começa a Quaresma, a Igreja  faz  imposição das cinzas (quarta-feira de cinzas), para lembrar os fiéis que são pó e em pó hão de tornar.

Nesse  tempo santo, convém:

a) fazer penitência, observando a lei do jejum.
b) ouvir com freqüência a  Palavra de Deus.
c) preparar-se por uma boa confissão para comunhão pascal.

Em virtude de um indulto especial, concedido  à América do Sul, os  fiéis de  21 anos completos até 60 anos de idade são obrigados a jejuar: com abstinência de carne, na quarta-feira de cinzas e nas sextas-feiras;  sem abstinência de carne, nas quartas-feiras e  na quinta-feira santa.

O quinto domingo da Quaresma chama-se o Domingo da Paixão. A partir  deste  dia a  Igreja,  em sinal de luto, encobre com um véu as  estátuas e as  imagens de Nosso Senhor e  dos  santos. Na sexta-feira  dessa semana é a festa de Nossa  Senhora das Dores.

A última  semana  é a  semana  santa;   chama-se santa, porque nesses dias se comemoram os maiores mistérios praticados por Jesus Cristo para a redenção do gênero humano. Começa com o Domingo de Ramos.  

Antes da missa  paroquial, o sacerdote benze solenemente os ramos e  os distribui ao clero e aos  fiéis, que os levam primeiro em procissão e depois para as  suas  casas.  (a "palha  benta" , quando queimada e acompanhada  de orações a Santa Bárbara, é eficaz  contra  trovões e tempestades).  Esta cerimônia simboliza a entrada  triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, seis dias antes de  sua paixão. Durante a missa canta-se ou lê-se  a narrativa da  Paixão, escrita por  São Mateus, (na terça-feira a de São Marcos;  na quarta a de São Lucas e  na sexta a de São João),  que exprime claramente  quais devem ser os sentimentos e afetos do verdadeiro cristão durante toda a semana  santa.

Na  quarta, quinta e  sexta-feiras, realizam-se, à tarde, ofícios chamados trevas, porque antigamente eram cantados à noite. Findos, apagavam-se  as luzes para simbolizar o luto da Igreja e a  escuridão que baixou à terra  quando Nosso  Senhor  morreu.  Conservou-se  esse costume até  hoje, apagando as  velas do candeeiro triangular e  as do altar, uma  por uma, no fim de cada  salmo.  Durante o ofício das trevas  cantam-se as lamentações do Profeta Jeremias sobre Jerusalém.  Os três últimos  tem igualmente, cada um,  ofícios  e  cerimônias peculiares para os atos religiosos.

A quinta-feira  santa é consagrada  à  comemoração da  instituição do Santíssimo Sacramento e  do sacerdócio católico.  As principais  cerimônias  desse dia  são:

1.  Em cada igreja paroquial e conventual celebra-se uma só missa, na qual os outros sacerdotes recebem, de forma  particular, a ceia do Senhor,  em que Jesus  fez pela primeira vez  a  consagração e os Apóstolos comungaram de sua mão.

2. A Igreja parece esquecer sua dor por um instante para festejar o grande mistério da Eucaristia. Os paramentos sacerdotais e  o véu da cruz do altar-mor são de  cor  branca;  ouve-se o cântico "Glória",  durante o qual repicam solenemente  todos os sinos, emudecendo depois até  ao Sábado de Aleluia.

3. O padre consagra duas Hóstias grandes, uma das quais  conserva para o ofício da sexta-feira  santa porque  naquele dia,  em  que Jesus  ofereceu o sacrifício cruento no monte Calvário, não há consagração nas santas funções.

4.  Terminada a missa, leva-se solenemente para outro altar, festivamente preparado e  chamado santo sepulcro, a segunda Hóstia grande que acaba de ser consagrada e  que há de servir no dia imediato, para  a missa dos  pré-santificados.

5. Depois  da  cerimônia  precedente, retiram-se do altar-mor o Santíssimo, adornos, panos, etc., enquanto o sacerdote, com os ministros, reza o salmo 21, no qual Davi profetizou a  Paixão do Salvador com as circunstâncias de sua morte no Calvário.

Os  bispos consagram nas catedrais, durante a Missa, os  Santos Óleos que devem servir  para a administração do Batismo e  da Extrema-unção, e em seguida o Santo Crisma, usado no Batismo, na Confirmação e na Ordem.

6. Em memória da humildade de  Jesus, que neste dia lavou os pés dos Apóstolos, o bispo em sua catedral, os superiores em suas igrejas de convento, lavam os pés de doze pobres (ou ministros), beijam-nos com respeito, enxugam-nos  com as próprias  mãos, compenetrados dos mesmos sentimentos de humildade e  caridade  que tinha o Salvador. (É a cerimônia de "Lava-pés").

7. Durante  todo esse dia as  irmandades e os fiéis em geral fazem guarda de honra a Jesus Sacramentado.  (Adoração do Santíssimo Sacramento)

Sexta-feira Santa. As cerimônias desse  dia são todas lúgubres e  tristes, porque visam representar o seu fundador. O celebrante e os ministros aproximam-se do altar. Chegados lá, prostram-se, estendidos no chão; depois erguem-se e  procede-se à leitura de  uma lição da Sagrada Escritura e da Paixão. Seguem as orações solenes que a Igreja faz por todo o mundo, mesmo por seus maiores inimigos,  para imitar Nosso Senhor, que morreu por todos os homens. Ao concluí-las o celebrante, despindo a casula, dirige-se ao lado da epístola e  descobre sucessivamente os braços e a cabeça da cruz; coloca-a no degrau do altar e, de pés descalços, prostra-se três vezes, adorando Jesus Cristo representado sobre a cruz. Finda  esta  cerimônia, traz-se ao altar, em procissão solene, a Hóstia Consagrada, que desde a véspera achava-se no santo sepulcro. Chegado o préstito ao altar, o sacerdote a levanta, para ser adorada, e comunga.

Sábado de Aleluia. Este dia é consagrado especialmente a  honrar a  sepultura de Nosso  Senhor. As principais  cerimônias são:

1.  Bênção do fogo novo, que se tira de um silex, e com o qual se acende um círio de três bicos, outras velas  e  a lâmpada do santuário.

2. Bênção do Círio Pascal;

3. Leitura das profecias;

4. Bênção da Água Batismal;

5. Ladainha de todos os  santos; e

6. Missa  solene  com glória,  durante  a  qual se tocam os sinos e  se cantam as aleluias.  Ao meio dia  acaba-se o tempo de Jejum, portanto, fim do tempo quaresmal.

Domingo -  Festa da Páscoa.   Lembra  a  Ressurreição de Nosso  Senhor Jesus  Cristo. Como o predissera, ressurgiu dos mortos ao terceiro dia, provando assim sua divindade e a  verdade  da doutrina  que ensinou.

Aproveitemos o tempo que nos é concedido viver  nesta terra, para que possamos cumprir todos  os preceitos do Senhor.  Com muito empenho, especialmente neste  tempo quaresmal,   fujamos  das más  inclinações e peçamos a Deus forças para podermos proporcionar frutos da mais digna  penitência e sincera conversão.  

Fonte: História  Sagrada do  Antigo e Novo Testamento, 8ª Edição; Frei Bruno Heuser - O.F.M.;  Editora Vozes, 1934.

Nenhum comentário:

Postar um comentário